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Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída

segunda-feira, 8 de novembro de 2010




Durante a década de 80, Vera Christiane Felscherinow, mais conhecida como Christiane F., ficou mundialmente famosa por ter sua dramática adolescência com as drogas e prostituição revelada no livro autobiográfico “Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída”. Lembro bem deste livro, já que ainda moleque, folheava a edição que minha mãe tinha e ficava notando os detalhes das fotos que ilustravam o mesmo, em especial, uma foto de um rapaz que havia sofrido overdose em um banheiro público. Lógico que meu grau de curiosidade era enorme, mas a preguiça de ler, ainda maior… mas não obstante, o drama se tornou um filme e assim pude assisti-lo na primeira oportunidade que surgiu, no então moderno Vídeo Cassete!

Para época, tanto o livro, como o filme foram realmente muito chocante. Porém, pouco ouvi falar mais sobre esse drama, e até pelo fato de estar lendo o livro “The Heroin Diaries” resolvi fazer uma pequena pesquisa sobre Christiane F.

Christiane nasceu em Hamburgo, na Alemanha em 62 e mudou-se para Berlim aos 6 anos de idade. Em 74, com 12 anos de idade, começou a fumar maconha com um grupo de amigos mais velhos. Gradualmente ela começou a experimentar drogas mais fortes como LSD e aos 13 anos acabou chegando a Heroína. Por causa do vício, acabou se prostituindo, junto com vários outros jovens drogados na estação de trem Bahnhof Zoo, em Berlim, ainda aos 13 anos.

Ela inalou pela primeira vez após assistir a um show de David Bowie e acabou injetando pela primeira vez em uma casa de banho público de Berlim, afundando-se assim cada vez mais no vício.

Em 1977, ela foi presa acusada de tráfico e consumo de drogas. Durante seu julgamento concedeu uma entrevista a dois Jornalistas, Kai Hermann e Horst Hieck, que se estendeu por dois meses e acabou se constituindo no famoso livro.

No inicio dos anos 80 participou de uma Banda de Rock (Sentimentale Jugend) e fez uma ponta no filme Alemão Decoder (1983). Na mesma época, apesar de garantir estar longe das drogas, Christiane, voltou a ser presa (1983) no apartamento de um traficante, e em uma entrevista na época confessou nunca ter ficado limpa das drogas.

Entrevista a revista STERN localizada na Web:

“Com 13 anos ela era uma junkie e vivia (?) da prostituição. O livro sobre sua vida exalta a liberdade. Mas a Christiane real, uma década depois, vive um exemplo do que as drogas podem fazer com a existência humana. Tola, idiota, nesta entrevista ela é um exemplo vivo: Não pelo que ela diz, mas sim pelo que ela é incapaz de dizer.

O apartamento em que reside é antigo prédio, 3 cômodos e pertence a Christiane Vera Felscherinow, mais conhecida como Christiane F. Na sala de estar há um sofá de couro, um colchão e um caixão preto (sim…um caixão preto bem no meio da sala). Em um dos cômodos um varal improvisado esticado de ponta a ponta cheio de roupas. Um filhote de dobermann ocupa o outro cômodo, coberto por jornais e com um forte cheiro de urina.

Em alguns dias Christiane completaria 23 anos. Ela se tornou símbolo da geração Junkie. Aos 12 ela experimentou maconha; aos 13 heroína e aos 14 entrou para a gangue da Estação Zôo uma famosa galera da pesada de Berlim. Mas ela sobreviveu.

Depois da parte de sua vida que foi narrada no livro ela começou a estudar contabilidade em uma pequena cidade ao norte da Alemanha mas caiu fora. Ela tentou ser cantora em uma banda punk de boteco, e pegou um pequeno papel em um filme ruim como go-go-girl.

E ela viajou o mundo todo sem propósito algum. Quando o filme sobre sua vida foi filmado ela trabalhou como consultora. O filme foi um grande sucesso, assim sendo foram lhe pagos alguns milhões de marcos.

E nada foi ouvido sobre ela ate agosto de 1983 quando ela foi presa durante uma blitz no apartamento de um traficante de heroína e foi acusada de “aquisição para consumo próprio”.

Acabou sendo sentenciada.

A entrevista a Revista Stern:
Christiane, você foi condenada a pagar 3.000,00 marcos por ter sido pega com heroína. O julgamento surpreendeu você?
Não, eu estava pronta. O juiz e os advogados sabiam no que iria resultar.
Você declarou na corte que jamais iria pegar em heroína novamente, que esta foi a ultima vez…?
Você pode ver o que eles escrevem. Eu não disse isso. Eu não posso saber isto agora, e seria embaraçoso se acontecesse de novo. E eles gostariam, pois seria outro escândalo, mas eu não vou ficar mais na Alemanha, eu vou embora.
E pra onde você quer ir?
Ah, talvez Itália
E por que a Itália?
Lá a vida é muito feliz, todos falam ao mesmo tempo, isso me diverte
Por que você teve esta recaída?
Eu não sei. Esta foi a chance. Quando sabemos a sensação que temos com a heroína nunca esquecemos. É muito boa…
E acaba em catástrofe. Você passou por isso: dependência, precisar de dinheiro, roubo, prostituição. E vários de seus amigos morreram por causa da heroína.
 Prostituição foi a pior coisa, isto eu nunca mais faço. Depois de tudo, agora estou velha.
Nunca pensa em poder cair novamente?
Bem, eu prefiro tomar heroína do que um copo de álcool. Ela não é uma droga pior que o álcool. Nunca a heroína provocou tanta ruína quanto a que é feita pelos alcoólatras.
Mas, com a heroína a descida é rápida…
Bem, minha recaída não me causou danos. Eu não mudei socialmente.
Mas você se encontrou novamente com a policia…
Ah, os policiais, os únicos que nos pegam e prendem, ….já foi a minha idade. Eles eram terrivelmente rudes. Olhavam para nos já com as algemas, como cães presos em um canil e não podíamos falar nada, que eles jogavam fora nossos maços de cigarro.
Você tem ido a Estação Zoo?
A estação Zoo é um lugar muito querido. A cena muda constantemente, a estação Zoo é tudo. Uma hora estávamos lá, e na outra ninguém sabia. Não sinto nenhuma vontade de chorar quando caminho por lá.
Você virou uma espécie de Joana D’Arc na cena das drogas nos anos 80. Você sobreviveu e caiu fora. Você nunca sentiu uma compulsão de socorrer e ajudar as pessoas viciadas?
Não, eu nunca me senti responsável pelos outros. Cada um precisa saber o que esta fazendo.
Você já se viu como um ídolo, um símbolo da esperança para os desesperados?
Eu sempre achei engraçado ler isto nos jornais. Nunca me senti como um ídolo. Aquilo foi outra pessoa.
Aquela pessoa, a famosa Christiane F., foi convidada pelo chefe da editora Diógenes, de Zurich, por 8 semanas. Como uma peça em exibição na alta sociedade?
 Eu não aceitei prontamente. Anna Keel, a mulher de Daniel, dono da editora, me telefonou em Berlim me convidando a Zurich. Apos um ano, eu fui. Eles me trataram como uma filha. Eu quase os chamei de papai e mamãe.
Quantas vezes você leu o livro Christiane F. ?
Acho que umas 3 vezes, eu sempre tentei pensar que aquela garota do livro não era eu. Eu também procuro saber por que as pessoas gostaram tanto do livro.
E de quais outros livros você gosta?
The Grosskotz, de Mathias Nolte. E Cream Train, de Andrea Carlo. Estes são meus favoritos.
Você agora é uma green?
Desgraçado, os “greens” não são profissionais, desde que eles lutam entre si mesmos.
Você nunca conversou com os “greens”?
Não, eu detesto conversas.
O que é mais interessante que conversas?
Assistir TV, preferencialmente deitada na cama. Eu não suporto ler jornais. Na música, nada me interessa. Se a multidão vai ver Tina Turner, eu não tenho que ir, prefiro bandas de garagem.
Você escuta seu walkman?
Isto foi roubado, como tudo. Eu fui roubada por uma amiga. Puta. Ela pegou tudo. Cosméticos, roupas e 700 marcos. Eu prefiro não ter mais dinheiro. Eu vivo no mundo errado, com os amigos errados. Mas eu não posso mudar nada.
Você não tem ninguém a quem possa pedir ajuda quando não esta bem?
Não !
E sua mãe?
Eu não sei o que dizer a minha mãe.
Você não pensa em voltar para os estudos ?
Não. O estudo é antiquado. Aprendemos tudo em 6 meses e nos somos explorados.
Você sabe no mínimo cozinhar para si mesma?
Eu não sei cozinhar, e se aqui não tiver nada pronto, eu não como.
Que tipo de mulher você gostaria de ser ?
(pausa longa) Eu acho que não estou mal …
 Então…você não tem nenhum plano ?
Quando faço planos e eles fracassam, eu fico depressiva. Por isso eu não tenho desejos ou sonhos.
O que você imagina para o amanha?
Eu não presumo nada com ninguém durante um período maior que uma semana
E sobre as férias ?
Quando quero viajar, eu compro a passagem e vou…
Você gosta de ficar sozinha, pensando?
Eu odeio isso. Quando meu namorado voltar pra Israel. Vou ligar para alguém vir pra cá morar comigo.
Medo da solidão. Ou outra coisa?
Bem, eu tenho medo de trens. Eu sempre penso que quando eu morrer, será embaixo de um trem.
Você recebeu muito dinheiro com o seu livro e comprou este apartamento. Onde está o resto do dinheiro. E quanto disto esta aqui neste caixão?
Não… neste caixão eu guardo todas as minhas coisas.
Então você esta quebrada agora?
Eu estou falida, Eu tive que pagar 65% daquilo em taxas.
O que você esqueceu de fazer ?
Quando meu dinheiro veio, ele foi direto para o Tesouro Público. Assim meu telefone foi cortado.  Eu não paguei a junta de posse e outras coisas.
E como você pretende fazer dinheiro no futuro ?
Eu não consigo imaginar que o trabalho seja prazeroso. Eu me sinto muito mal quando me perguntam no que eu gostaria de trabalhar. Provavelmente eu não sou madura pra saber o que quero.
Mas o que você gostaria de fazer ?
Atualmente eu quero ter um santuário particular de animais. Mas meus amigos são contra isso. Eles dizem que eu joguei minha inteligência pra longe. Eu gostaria de fazer algo que poderia mudar o mundo.”
Em 2007, Christiane apareceu em um programa de TV Alemão, e confrontada com esta entrevista a revista STERN, disse não lembrar de quase nada daquilo:
. “Os médicos vivem torcendo pela minha morte. Contam os dias para isso e aqui estou eu, talvez eu devesse me lembrar ou revelar que alguns médicos por quais passei, ofereceram dinheiro para que eu me prostituísse. Um deles de ofereceu uma quantia que daria para comprar um carro típico classe-média, um Golf, por exemplo, cuspí na cara do safado.”
“Eu nunca quis ser exemplo de nada a ninguém, acho que cada um deve saber o que está fazendo. Eu, pelo menos, sei o que faço. Sou contente da forma que vivo, talvez vocês não entendam isso mas no final, o que importa? Eu não me importo com vocês.”
“Eu acho esses neonazistas engraçados, vivem proclamando o nome do Diabo e de Hitler por todos os cantos mas buscam alguém em carne e osso para adorarem. Eles tentaram me tornar um símbolo deles quando disse que os jovens da era nazista tinham perspectivas melhores. Mas o que eles fazem para mudar as perspectivas deles ? Os turcos continuam invadindo a Alemanha.”
“Detlef foi o grande amor da minha vida, quando digo foi eu me refiro tanto a Detlef quanto aquilo que você chama de amor. Ele vive se dizendo limpo, é mentira, é mentira porquê ninguém se livra da heroína. Ele ainda é um viciado,  e pelas minhas contas, ainda se prostituiria se pudesse.”
“Quero ir embora da Alemanha, é tudo que desejo, esse país perdeu tudo aquilo que tinha de verdadeiramente alemão, que pode ir desde os garotos que jogam futebol até a cultura tradicional. A sujeira está por todo lugar. “(Quando Christiane diz “sujeira”, ela refere-se aos imigrantes turcos que ela já esculachava em seu livro )
“Hoje vivo refém da metadona, mas por alguma razão, acho que os trilhos dos trens serão o ponto final da minha história.”
Nos últimos tempos Christiane passou um periodo morando com dois tios e o filho, Jan-Niklas, em Berlim.
Em 2008, ela e o namorado decidiram imigrar para a Holanda, levando a criança, mas ao ter conhecimento do plano, a justiça Alemã tomou a criança da mãe, com a ajuda da policia. Pouco tempo depois ele sequestrou o próprio filho e o levou para Amesterdã, onde voltou a consumir heroína.
Quando voltou a Alemanha em meados de 2008, a justiça retirou a guarda do filho de Christiane.

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