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Cartilha Caminho Suave

terça-feira, 23 de novembro de 2010




Morreu, no  inicio desse milênio, a educadora Branca Alves de Lima, aos 90 anos, deixando órfãos aqueles que acreditam que a alfabetização com cartilhas não só funciona muito bem como é mais simples do que essa "moda" atual do construtivismo.

Branca concebeu, em meados do século passado, a cartilha "Caminho Suave", que vendeu cerca de 40 milhões de exemplares desde então. Mais de um terço dos brasileiros adultos de hoje foram alfabetizados por ela.
 Pergunte a essas pessoas como aprenderam a ler e a escrever. Vão lembrar com prazer do "F de faca", do "G de gato", dos desenhos que acompanham cada letra do alfabeto.
A vida de Branca Alves de Lima é a síntese de um dos principais males -- se não do principal mal -- da Educação brasileira: o enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.


Há pouco mais de três anos, Branca fechou sua editora, surgida no rastro do sucesso da "Caminho Suave". "Eles (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas", disse numa entrevista, quando eu ainda era repórter de Educação da "Folha de S. Paulo".
Disse mais: "Ao final de diversos anos é que vai se chegar à conclusão se o construtivismo dá ou não resultados."

O construtivismo introduziu avanços extremamente importantes na alfabetização de crianças e na Educação como um todo -- embora esteja se tornando um conceito "guarda-chuva", daqueles que podem se referir a tudo ou nada.

Mas não é isso que está em questão. O problema é como as inovações, as metodologias, enfim, as reformas educacionais são implantadas nos sistemas de ensino brasileiro.
Na entrevista de 1997, Branca contou seu percurso como professora. Na década de 30, quando começou a lecionar, no interior paulista, a prática ''em moda'' para alfabetização se chamava processo analítico.
''Depois de 21 anos chegaram à conclusão que não funcionava e deram liberdade didática aos professores.'' Foi quando criou sua cartilha. Na década de 70, os ventos mudaram.
Veja hoje o caso dos ciclos. Professores e professoras que há décadas têm na reprovação seu principal recurso de disciplina foram, de uma hora para outra, proibidos de usá-la.Sou radicalmente contra a reprovação, mas o que foi colocado em seu lugar? Uma capacitação que, quando existe, é capenga e de curta duração; salários miseráveis que selecionam profissionais cada vez menos formados; uma infra-estrutura que envergonha e entristece quem preza a Educação.

Os dirigentes e gestores da Educação -- os políticos, os ministros, os secretários, os delegados e diretores -- precisam aprender que não se muda cultura por decreto. E Educação é cultura, é visão de mundo, é uma maneira de se inserir e de inserir outros na sociedade.O duro caminho da Educação brasileira é o autoritarismo exacerbado e já secular daqueles que acham que, a partir de seus gabinetes, podem resolver os problemas da Educação brasileira. Democracia dá trabalho, mas sem ela não se vai conseguir melhorar de fato o ensino nem, muito menos, formar cidadãos.



Bjks,
Ly Lauper

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